Bispo defende «valorização do Domingo» para contrariar crise espiritual

Viseu, 08 jun 2012 (Ecclesia) – O bispo de Viseu diz que só a revitalização da vivência cristã e particularmente do Domingo, ponto alto da relação com Deus e o próximo, poderá contrariar a crise espiritual que atinge atualmente Portugal e a Europa.

Para D. Ilídio Leandro, “os resultados dos inquéritos feitos nos últimos tempos”, que apontam para um “decréscimo acentuado da relação com a prática cristã”, devem suscitar na Igreja Católica um esforço renovado de evangelização, que permita antes de mais a “valorização do Domingo” como “dia do Senhor” e ocasião de “festa” comunitária e de “família”.

O prelado deixou este alerta durante a celebração da solenidade do Corpo de Deus, esta quinta-feira em Viseu, numa homilia transmitida aos fiéis e enviada à Agência ECCLESIA.

Segundo aquele responsável, a primeira condição para transformar o Domingo numa referência cristã, no meio da sociedade, é fazer daquele dia um tempo privilegiado de “fé” e de “celebração comunitária”, através da participação na “eucaristia”.

“O Domingo cristão não quer nem pode ser o parente pobre do fim-de-semana”, apontou o bispo de Viseu, que neste tempo litúrgico do Corpo de Deus convidou os católicos a refletirem sobre a qualidade da “resposta” que é dada hoje ao desafio que Cristo deixou a todos os homens, com a sua entrega na Cruz.

O que temos feito da Páscoa de Jesus, transmitida pela Igreja e celebrada, cada Domingo, na Eucaristia? Como temos vivido e cumprido a nova Aliança, que Jesus celebra e renova connosco, sempre que participamos na Sua Páscoa?”, questionou D. Ilídio Leandro.

Reforçando as palavras que Bento XVI dedicou ao último Encontro Mundial das Famílias, que decorreu no início deste mês em Milão, o vogal da Comissão Episcopal do Laicado e Família sublinhou a urgência de “não ocupar o Domingo com atividades que mudem o seu sentido e o seu centro”.

Para além da importância de salvaguardar “o tempo em família”, hoje ameaçado “por uma predominância de compromissos devidos ao trabalho” - como salientou o Papa - o bispo viseense chamou a atenção para o perigo de um calendário sobrecarregado de atividades educativas, recreativas, culturais ou desportivas que, por vezes, pode dificultar o aproveitamento mais adequado dos “diversos ritmos e desafios da vida”.

“Importa ajudar e não impedir a que as crianças, adolescentes, jovens e adultos possam viver os seus compromissos familiares, sociais e cristãos, de modo a que o importante ditado ‘alma sã em corpo são’ não seja invertido ou pervertido, esquecendo a alma com a atenção única ao corpo”, concluiu.
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Nota DDP: Sobre os vínculos claramente observados no texto retro, notadamente no que se refere à eucaristia, que obviamente têm intenções bem definidas, recomenda-se também a leitura de "Bento XVI: Eucaristia é o coração do mundo", "Congresso desafia católicos portugueses a entender que ir à missa é mais do que uma obrigação" e "Bento XVI: Não há futuro para a humanidade sem a família", de onde finalmente se destaca:

"Aqui queria recordar o que disse em defesa do tempo para a família, ameaçado por uma espécie de ‘prepotência’ dos compromissos de trabalho: o domingo, o dia do Senhor e do homem, é um dia no qual todos devem ser livres, livres para a família e livres para Deus. Defendendo o domingo, defende-se a liberdade do homem!"

Como se percebe, os temas domingo, família, eucaristia e espiritualidade, além das crises social, política, econômica e ambiental estão sendo todos entrelaçados pela igreja de Roma, de forma que, em algum momento, dado o caos que está se estabelecendo em vários segmentos, encontrarão eco fora do âmbito estritamente religioso, com o apoio do braço político, como antecipado pela profecia bíblica.

Família tem de ser defendida da sobrecarga laboral e domingo deve ser dia livre, sublinha Papa

«É possível, ainda que com esforço, viver o amor fiel, para sempre, aberto à vida», afirmou Bento XVI

Cidade do Vaticano, 06 jun 2012 (Ecclesia) – O Papa afirmou hoje no Vaticano que as famílias têm de ser defendidas da sobrecarga laboral e que o domingo deve ser reservado ao convívio familiar e a Deus.

É preciso preservar o tempo em família, ameaçada por uma predominância de compromissos devidos ao trabalho”, sublinhou Bento XVI na audiência geral realizada perante milhares de fiéis na Praça de São Pedro.

No discurso, enviado à Agência ECCLESIA, o Papa frisou que o domingo “deve ser livre para a família e livre para Deus”, e nas saudações que proferiu em vários idiomas disse que reza para que “o amor conjugal, a paternidade e a maternidade sejam percursos para a santidade”.

A intervenção de Bento XVI recordou os principais momentos da sua participação no 7.º Encontro Mundial das Famílias, que decorreu entre quarta-feira e domingo na cidade italiana de Milão.

O encontro que o Papa classificou de “inesquecível” constituiu “um inspirado testemunho da rica e variedade identidade da família como comunhão de amor baseado no casamento, um santuário de vida, uma igreja doméstica e célula primária da sociedade”, afirmou.

“Família, trabalho e festa”, tema das Jornadas, “devem encontrar um equilíbrio harmonioso para construir sociedades de rosto humano”, sustentou Bento XVI, salientando que “é possível, ainda que com esforço, viver o amor fiel, ‘para sempre’, aberto à vida”.

Na sexta-feira, primeiro dia da visita à cidade e arquidiocese milanesa, que nunca tinha visitado enquanto Papa, Bento XVI lembrou que a família é o espaço onde as pessoas fazem a “primeira experiência” de não viverem “fechados em si mesmas, mas na relação com os outros”.

Na missa de domingo, em que segundo as autoridades participaram um milhão de pessoas, o Papa acentuou a importância de cada família “evangelizar não só com a palavra, mas pela vivência do amor, a única força capaz de mudar o mundo”.

“Desça a minha bênção sobre vós, vossas famílias e comunidades ao serviço do menor, dos mais pequeninos e necessitados”, disse Bento XVI em português ao saudar os peregrinos lusófonos.

A audiência semanal terminou com um convite aos fiéis de Roma para participar na procissão do Corpo de Deus que esta quinta-feira vai percorrer as artérias da capital italiana entre as igrejas de São João de Latrão, onde o Papa celebra missa a partir das 18h00 de Lisboa, e de Santa Maria Maior.

“Convido os fiéis de Roma e os peregrinos a unirem-se neste ato de profunda fé na Eucaristia, que constitui o tesouro mais precioso da Igreja e da humanidade”, declarou.

Fonte - Ecclesia

Nota DDP: Dado o número de crises que a humanidade enfrenta, muitas delas se tornando absolutamente insuportáveis, torna-se cada vez mais factível a adoção do discurso papal sobre a necessidade de proteção do domingo, o que desencadeará todos os eventos finais antecipados pela Bíblia.

"Família, trabalho, festa: três dons de Deus, que se devem encontrar num equilíbrio harmonioso"

Milão (RV) – Famílias provenientes de todo o mundo reuniram-se nesta manhã de domingo com o Santo Padre para participar, na Solenidade da Santíssima Trindade, da Santa Missa no Parque de Bresso, em Milão, por ocasião do VII Encontro Mundial das Famílias. Mais de um milhão de fiéis rezaram com o Pontífice pelas famílias de todo o mundo.
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Depois Bento XVI se deteve sobre o trabalho: “Vemos que, nas teorias econômicas modernas, prevalece muitas vezes uma concepção utilitarista do trabalho, da produção e do mercado. Mas, o projeto de Deus e a própria experiência mostram que não é a lógica unilateral do que me é útil e do maior lucro que pode concorrer para um desenvolvimento harmonioso, o bem da família e para construir uma sociedade justa, porque traz consigo uma competição exasperada, fortes desigualdades, degradação do meio ambiente, corrida ao consumo, mal-estar nas famílias. Antes, a mentalidade utilitarista tende a estender-se também às relações interpessoais e familiares, reduzindo-as a convergências precárias de interesses individuais e minando a solidez do tecido social”.

O Santo Padre destacou ainda que o “homem, enquanto imagem de Deus, é chamado também ao repouso e à festa”. O domingo, dia do Senhor – reafirmou – é também o “dia do homem e dos seus valores: convivência, amizade, solidariedade, cultura, contacto com a natureza, jogo, esporte. É o dia da família, em que se há-de viver, juntos, o sentido da festa, do encontro, da partilha, também com a participação na Santa Missa. Queridas famílias, mesmo nos ritmos acelerados do nosso tempo, não percais o sentido do dia do Senhor! É como o oásis onde parar para saborear a alegria do encontro e saciar a nossa sede de Deus”
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Fonte - Radio Vaticano

Nota DDP: Veja também "Papa quer convencer políticos do 'capital social' da família". Destaque:

O papa Bento XVI, cercado em Milão por milhares de fiéis de 154 países, convocou os poderes públicos a proteger e ajudar a família, que é um imenso "capital social", em nome da coesão social.

Se BXVI pretende a proteção da família pelo Estado e o domingo protege a família, é razoável se perceber que o pano de fundo é a intenção de que se 'proteja' o dia de descanso em primeiro lugar.

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